sábado, 25 de junho de 2016

PAPO DE RUBINHO

Foi Rubinho quem me disse...
(Ele é moto-taxista e conserta motocicletas)
Falou que as vezes as coisas se juntam
Todas elas e derrubam a gente
Parece um conluio e somos apanhados
Como assim do nada uma rede!

E ria, e ríamos, pois é assim mesmo
Tanto aquelas que se juntam para a alegria
Como eu e Rubinho cortando a manhã
No rumo do trabalho, mas também às vezes
Não muito frequente ainda bem
Aquelas que nos fazem penar, sentir, sofrer
E como a alegria, de outro jeito, crescer!

Quando a noite cai na metáfora que é a vida
E ficamos sós porque sempre estamos sós
Ainda que com um doce olhar sobre nós
Vemos o fato de que viver é uma coisa coletiva
Sem deixar de ser subjetivamente erma
Um lugar onde os vizinhos desabitaram o mundo.

Esse é um jogo feito de vazio e repleto
Porque existo apenas enquanto parte
Sendo também essa parte, só.
Mas bem disse o meu amigo
Quando das coisas que se juntam e fazem
Orvalhando o existir como nas manhãs frias.

No meio de um momento como em uma encruzilhada
No meio do mundo como no princípio que é o fim
No meio da vida como na derrocada do azar
No meio de um novo começo aonde de novo
Não sei quem sou e isso me soa como um dejá vu.

O sorriso que nasce apenas pra me lembrar
Que estou na vida como colando uma fita:
O tempo reto como o aro de uma roda...
A lágrima informa que sempre há algo indo embora
Da mesma forma que os dedos acenam
Para os momentos recém-chegados...
Não sei bem como será

Mas isso não é diferente do jeito que sempre foi...

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